Agra

Agra é talvez a estrela mais brilhante do famoso triângulo dourado (Deli, Agra e Jaipur). 2 horas e meia de comboio levaram-nos da capital Nova Deli até à cidade que guarda um dos mais preciosos tesouros artísticos da Índia.

Ao meritíssimo comboio

Viajar até Agra permitiu-nos ter a primeira experiência neste meio de transporte. O comboio haveria de tornar-se o nosso maior aliado para percorrermos milhares de quilómetros num país gigantesco de forma económica. Os episódios que leva e traz, são um espelho da sociedade indiana, segmentada por castas distantes e classes sociais desiguais.

Usado por milhões de pessoas diariamente, dificilmente poderia ser eficiente, mas é surpreendentemente eficaz, e por isso tão concorrido. Não temos dúvidas de que este é o meio de transporte de melhor custo-benefício.

Compra de bilhetes online

A forma mais fácil de comprar os bilhetes é online, já que presencialmente nas estações nada está preparado para o turista. Os letreiros e indicações existentes estão todos em Hindi e os funcionários não falam Inglês, o que torna o processo doloroso. Nós fizemo-lo 1 vez, demorámos uma tarde inteira e só o conseguimos graças à ajuda de um senhor prestável. Online compra-se através do site irctc.co.in, se não estiver inacessível, o que acontece com frequência. Depois de fazeres a reserva na classe que desejas o estado do teu bilhete entrará em WL (Waiting List) e só depois, mais próximo da data da viagem altera o seu estado para C (Confirmed) com o teu respetivo lugar definitivo. Quando estás a reservar, garante que selecionas a opção de Tourist/Foreigner, para procurares dentro da quota de bilhetes que é destinada especificamente para turistas e estrangeiros. Em princípio o teu bilhete é confirmado, mas para garantires que isso acontece tenta reservar com alguma antecedência. Podes acompanhar o estado da tua reserva no site através do PNR Status.

Classes

Nós viajámos maioritariamente em 2AC e 3AC, ambas sleeper de 4 ou 6 camas, com ventoinha ou ar condicionado. De Deli para Agra, como era uma viagem mais curta, experimentámos a Unreserved Class, onde viajam claustrofobicamente as pessoas menos abastadas e todos aqueles que não tiveram a sorte de ter o seu bilhete confirmado. Depois de 6 meses a viajar em chapas Moçambicanos não nos chocou, ainda assim não recomendamos para viagens longas.

Concluído o processo de compra de bilhete, é partir! A aventura começa ainda na estação. Milhares de pessoas entram e saem nos comboios que a todo o momento chegam e partem. Os sem-abrigo fazem da estação casa. Os vendedores ambulantes aproveitam o  tráfego. E quem não tem bilhete corre apressadamente para entrar à socapa na Unreserved Class. Já dentro do comboio a sensação é a de que a nossa bolha pessoal rebenta à entrada e só é restituída à saída. Muita gente em poucos m2, durante muitooo tempo. A viagem maior que fizemos durou cerca de 24h. Imaginam 24h num comboio? Os indianos, habituados a viver num país atolado de gente, sentem-se e agem como se estivessem em casa. Escusado será dizer que em tantas horas de viagem toda a gente dorme, come, e quanto ao WC… mais vale tentar não ir. Passando a parte dos confortos à frente é aceitar e deixares-te ir. É um lugar privilegiado para assistir e participar no espetáculo genuíno, rico e marcante da vida local.

Chegámos inteiros a Agra pela altura em que a neblina da poluição se confundia com a neblina da manhã. As expectativas eram elevadas.

O que visitámos:

  • Taj Mahal:

Sublime é a palavra. O Taj Mahal é um daqueles lugares que visto ao vivo, algo mais que os olhos nos diz que é totalmente único. A atmosfera e o monumento confundem-se porque se influenciam demasiado. Merece a fama que tem porque é uma criação aparentemente perfeita e misteriosa. Não exagerando, quando o vês custa até a crer que é feito de mármore quando se parece muito mais com uma pintura flutuante e minuciosamente simétrica. É mais pequeno do que esperávamos, mas ainda mais incrível do que imaginávamos. Rudyard Kipling descreveu-o bem como “a encarnação de todas as coisas puras, de todas as coisas sagradas e de todas as coisas infelizes. Este é o mistério do edifício.”

Este mausoléu é o monumento mais famoso da Índia, Património da Humanidade pela UNESCO e considerado uma das sete Maravilhas do Mundo. Construído entre 1632 e 1653 por 20 mil homens às ordens do imperador Shah Jahan. Erigido em memória da esposa predileta do imperador, Arjumand Banu, a quem chamavam de Mumtaz Mahal, “a jóia do palácio”. Reza a lenda, que no leito da sua morte, após dar à luz o 14º filho, a rainha Mumtaz fez o imperador prometer 3 coisas: cuidaria dos seus filhos, não voltaria a casar e construiria o mausoléu mais belo alguma vez visto em sua memória. Assim foi e assim o Taj Mahal é conhecido como uma épica prova de amor.

Quando a construção do mausoléu-palácio chegava ao fim, o filho do imperador, Aurangzeb, depôs o pai e prendeu-o no forte de Agra até ao fim dos seus dias. Durante 12 anos, Shah Jahan observou o Taj Mahal da varanda do forte. Depois da sua morte, foi sepultado ao lado da sua esposa, formando a única peça assimétrica de todo o complexo.

Todo o edifício central está esculpido ao detalhe e incrustado de pedras semipreciosas. Uma mesquita de cada lado e 4 minaretes em volta completam a obra-prima. Por fora e por dentro, o Taj Mahal é incontornável como um marco da fusão artística, arquitetónica e religiosa de influência islâmica, persa e indiana que distinguiram o império Mughal.

Nota1: Acordámos às 4h da manhã para ver o nascer do sol que diziam ser imperdível. Não leves isto demasiado a sério. Do que vimos, sentimos que o Taj Mahal será deslumbrante e igualmente interessante a qualquer altura do dia e com diferentes luminosidades. A única vantagem é que neste horário provavelmente encontrarás menos pessoas.

Nota2: Tendo em conta a sua dimensão e o conteúdo que é interessante absorver de uma construção com muitos detalhes, propósitos e significados, este é o lugar que vais quer visitar com um guia. Nós juntámo-nos na porta de entrada a um grupo de velhotas inglesas que tinham um guia e foi uma ótima experiência. Podes sempre contratar um antecipadamente, claro;

  • Mehtab Bagh: A norte do Taj Mahal, do outro lado do rio Yamuna, está este complexo de jardins perfeitamente alinhado com o grande mausoléu e de onde é possível avistá-lo de uma outra perspetiva;
  • Forte de Agra: Não por acaso, este forte, sobre as margens do rio Yamuna, foi a casa de muitos imperadores Mughal que dali governavam o seu império. É considerada a mais importante fortificação do país. Uma cidade-palácio construída em arenito vermelho e mármore branco, Património da Humanidade pela UNESCO. Vale a pena perderes-te aqui e olhar pela varanda de onde Shah Jahan admirava o Taj Mahal ou então admirar as maravilhosas arcadas do Diwan-i-Khas, uma sala de audiências rodeada de jardins;
  • Fatehpur Sikri: Situada a 36 km de Agra, fomos de shared taxi organizado pelo hostel até Fatehpur Sikri. Planeada a sua construção por superstição do imperador Akbar que cumpria a promessa de edificar a cidade a fim de garantir a continuação da sua linhagem. Foi abandonada por falta de acesso a água 14 anos depois de ser construída. Restou uma grande e bem preservada cidade de arenito vermelho que vale a pena visitar.

Onde dormimos:

Ficámos hospedados no Zostel. Hostel muito básico, barato e com boa vibe.

Onde comemos bem:

  • Maya: Indiano. Boa comida e terraço agradável.

Agra é imperdível sobretudo pela história e grandiosidade dos seus monumentos. Foi aqui que visitámos uma das sete Maravilhas do Mundo e a experiência não ficou aquém disso: foi maravilhosa!

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